Basicamente, uma escolha pessoal, que tem impacto na forma como irá ser o modo de nos relacionarmos com o Outro, a partir do momento em que nos sentimos – ou que formos realmente – traídos.

Não detemos a capacidade de “esquecer” pois a nossa memória capta e guarda tudo. Mais, eventos que nos magoam profundamente trazem sempre aprendizagens: sobre áreas nossas que precisam de ser restruturadas, ou sobre os outros, ou ainda sobre um Valor maior: de que há pessoas más. Procurem, e sorriam, mas não vão encontrar em nenhuma parte do vosso corpo um botão Ligar/Desligar alguns eventos que a vossa memória guardou. A memória armazena em “pacote”; ela é um enorme armazém.

Mudemos, sim, o foco: de perdoar para Aceitar. E porquê? Porque também não temos a capacidade de desfazer o que foi feito e o perdão é um ato claramente relacionado com o passado. Não conseguimos mudar o passado, mas conseguimos reconstruir o nosso presente e, ao fazê-lo, provavelmente asseguramos um futuro melhor e mais feliz.

Por isso, está aceite por todos nós que Esquecer é impossível, que Perdoar é uma visita impossível a um passado que já não existe, logo, Aceitamos, e esta decisão permite-nos eliminar as perdas energéticas causadas pela necessidade ou formatação social derivada do ter de perdoar.

No que respeita à Confiança, por vezes esta foi perdida porque houve falta de comunicação clara, um mal-entendido. A revisão dos eventos, uma reflexão sem julgamentos e – se possível – um diálogo autêntico e honesto, permitem uma visão mais clara do que sucedeu, o que poderá muitas vezes trazer de volta a confiança entre duas pessoas.

Gostaria de acrescentar que a Confiança é um dos pilares da Humanidade, pois sem ela não se estabelecem vínculos que nos mantenham fora do espectro da solidão e isolamento. A confiança não é um brinquedo de que se goste ou não. E antes de considerar alguns atos, devemos percecionar o seu impacto nesse Valor.

© Ana Kintsugi